Personagem Carlitos completa 100 anos

Não tinha beijo gay, efeitos especiais e, muito menos, mulher pelada. Também não tinha palavras, "as palavras são frágeis", ele disse uma vez. Era representação pura, humor, pantomina, arte em altíssimo nível.
Chaplin nunca permitiu que o seu personagem falasse. Mesmo em "Luzes da Cidade", quando o som já era uma realidade nos filmes, seu personagem não fala. O máximo que ele usava era uma sonoplastia do tipo batida de porta de carro, apito, etc. E nem precisava mesmo, a cena final do filme, antológica, quando a florista que deixou de ser cega percebe que o vagabundo que está diante dela é o seu benfeitor, que ela julgava ser um rico e distinto cavalheiro, se passa apenas com troca de olhares. Olhares que dizem mais que palavras.
Chaplin era um perfeccionista. Convém lembrar que, pianista e compositor, era ele também que fazia a trilha sonora e os temas musicais dos seus filmes. Alguns desses temas foram sucessos no mundo inteiro e se tornaram clássicos, como "Smile" de Tempos Modernos e "Luzes da Ribalta" de Limehouse.
Chaplin foi perseguido na terra do Tio Sam. Era acusado de ser comunista e foi implacavelmente incomodado, principalmente, pela bichona do J. Edgard Hoover, que chefiou o FBI por mais de 45 anos.
O golpe mais sujo foi em 1952. Seu visto de reentrada na América foi cancelado quando ele já estava dentro do navio que rumava para a Europa. O Procurador Geral dos Estados Unidos rescindiu o visto alegando que podia barrar estrangeiros com base na "moral, por motivos de saude ou de insanidade, ou por defender o comunismo". Vê-se que a escrotidão americana não é de hoje.
Chaplin não era um Vinicius de Moraes mas também casou-se diversas vezes. Só acertou na última vez, quando conheceu a Oona, filha do dramaturgo americano Eugene O"Neal e 36 anos mais nova que ele.

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